
Do ponto de vista coletivo, o desemprego enfraquece a capacidade de
negociação salarial dos trabalhadores, debilitando sindicatos e outras
formas de organização social. Esse enfraquecimento acentua a
desigualdade, já que uma parcela menor da renda é direcionada aos
trabalhadores, concentrando ainda mais recursos nas mãos de uma
elite econômica.
Isso não deveria ser normalizado - infelizmente nos acostumamos
com esse absurdo. O desemprego não é algo inato à sociedade, mas
uma característica específica do capitalismo. Em sociedades
pré-capitalistas, o desemprego não era comum, uma vez que a
sobrevivência estava diretamente vinculada à subsistência. Em
economias socialistas, historicamente, buscou-se o pleno emprego,
como na URSS, na China e, atualmente, no Laos. Nesses modelos, o
trabalho não era tratado como uma mercadoria, mas como uma
necessidade fundamental para a construção da sociedade.
O capitalismo causa desemprego devido à busca incessante pelo lucro
como objetivo principal, em detrimento do bem-estar coletivo. Isso se
manifesta, por exemplo, no uso de inovações tecnológicas que
promovem automação, gerando desemprego estrutural ao não
proteger/re-enquadrar de forma adequada os trabalhadores
dispensados. Além disso, os ciclos econômicos do capitalismo
frequentemente incluem períodos de crise, caracterizados por altas
taxas de desemprego. Durante essas crises, as empresas buscam
reduzir custos, incluindo a folha de pagamento, o que reduz o número
de empregos disponíveis. Com menos pessoas consumindo, entra-se em
uma espiral de recessão, dificultando a recuperação econômica.
Ademais, os capitalistas podem pressionar governos a adotar políticas
públicas que ampliem o desemprego, promovendo cortes em
programas sociais, flexibilização das leis trabalhistas e outras medidas
que prejudicam os trabalhadores. Para grandes empresas, uma
economia desaquecida também favorece a concentração de mercado,
pois pequenos negócios são os primeiros a falir em tempos de crise,
ampliando a desigualdade econômica e social.
Segundo Marx, o desemprego não é uma anomalia do capitalismo, mas
uma engrenagem essencial para seu funcionamento. O exército de
reserva, composto por trabalhadores desempregados ou